Como funciona uma ETE de Lodos Ativados

O tratamento de águas residuárias foi aperfeiçoado nas primeiras décadas do século XX com o desenvolvimento do tratamento secundário, que se caracterizou pelo uso de processos biológicos que permitissem uma remoção mais completa da matéria orgânica presente no esgoto. Foi nessa busca de um sistema eficiente de tratamento secundário que Lockett e Arden desenvolveram em 1914 o sistema de lodos ativados (VAN HAANDEL & MARAIS, 1999).

Apesar das diferentes conformações desenvolvidas ao longo do tempo, as principais estruturas de um sistema de lodos ativados são o reator aerado seguido de tanque de decantação com recirculação da biomassa decantada.

Sistema de Lodos Ativados. Fonte: Von Sperling (2002).

No reator aerado, os microrganismos se utilizam da matéria orgânica presente no esgoto bruto como fonte de alimento. A inserção de ar no meio líquido proporciona o crescimento de bactérias aeróbias, que consomem a matéria orgânica disponível de maneira mais rápida quando comparadas à microrganismos anaeróbios. Uma vez proporcionados a fonte de alimento e o oxigênio para respiração, os microrganismos se desenvolvem em abundância.

No decantador secundário ocorre a sedimentação dos sólidos (biomassa), permitindo que o efluente final saia clarificado. Os sólidos sedimentados no fundo do decantador secundário são recirculados para o reator, aumentando a concentração de biomassa no mesmo. A biomassa possui propriedade flocular, sendo facilmente separada no decantador secundário. As bactérias presentes possuem uma matriz gelatinosa que permite a aglutinação de microrganismos. Por esse motivo ocorre o crescimento e a sedimentação do floco.

Floco de lodo ativado. Fonte: Von Sperling (2002).

A recirculação do lodo somada ao desenvolvimento prioritário de microrganismos de respiração aeróbia, são os principais motivos da alta eficiência deste sistema com uma necessidade de espaço reduzida. Devido à recirculação dos sólidos, estes permanecem no sistema por tempo superior ao do líquido. O tempo de retenção dos sólidos é denominado idade do lodo. Como citado anteriormente, com essas conformações, a biomassa cresce em abundância e, portanto, para manter o sistema  em equilíbrio, é necessário que se retire o excesso de biomassa gerada. O lodo excedente é descartado e recebe tratamento adicional, usualmente compreendendo adensamento, estabilização e desidratação.

Com a evolução da tecnologia do sistema de lodos ativados, estágios adicionais foram propostos para a remoção de nutrientes. Uma das maneiras de remover fósforo conta com a adição de uma câmara anaeróbia, proporcionando um crescimento de microrganismos que absorvem o fósforo presente no líquido como fonte de nutriente. Para a remoção de nitrogênio, é necessário o processo de nitrificação (que ocorre no reator aeróbio), seguido de desnitrificação. A desnitrificação ocorre a partir de microrganismos de respiração facultativa em um meio com a presença de nitritos e nitratos e ausência de oxigênio (ambiente anóxico). Ou seja, mais uma câmara é adicionada, na qual recebe líquido nitrificado por meio de recirculação. O nitrato é utilizado por esses microrganismos e transformado em nitrogênio, que por fim é liberado para a atmosfera.

As estações de tratamento de esgoto (ETE) Nascente Engenharia contam com os três estágios de tratamento de efluentes (primário, secundário e terciário), removendo eficientemente sólidos grosseiros, demanda biológica de oxigênio (DBO), fósforo, nitrogênio e microrganismos patogênicos. Em um único reservatório com diversas câmaras, nosso equipamento é extremamente compacto e automatizado!

Fluxograma ETE Nascente.

Referências:

VAN HAANDEL, A. C., MARAIS, G. O Comportamento do Sistema de Lodo Ativado: Teoria e Aplicações para Projetos e Operações. 1999.

VON SPERLING, M. Lodos ativados – Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. v.4. Belo Horizonte, 2002.

Os objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Em 2015, líderes mundiais se encontraram na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York para a determinação dos objetivos do desenvolvimento sustentável. Foram definidos 17 objetivos e 169 alvos para a agenda de 2030, com o foco de acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. 

Figura: ODS . Fonte: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Os desafios são enormes para o alcance de tais objetivos. Dentre os principais impasses, estão a não adesão à tratados internacionais ambientais por partes de nações expressivas como China e Estados Unidos, bem como a falta de integração e flexibilização entre diferentes setores, por exemplo, econômico, agrícola, transporte e de energia.

Contudo, a maior conscientização da população global e de governantes mostram que temos caminhado para o cumprimento desses objetivos, mesmo que não os consigamos alcançar dentro do prazo estipulado de 2030. 

A Nascente Engenharia sente um enorme prazer em afirmar que contribui com os objetivos do desenvolvimento sustentável, principalmente com os de número 6 (água potável e saneamento) e número 14 (vida na água).

Mesmo que não pareça, cada um de nós tem a capacidade de ajudar no alcance desses objetivos, pois mesmo em pequena escala, todas as nossas ações geram impactos.

Referências:

https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Smith et al. Integration: the key to implementing the Sustainable Development Goals. Sustainability Science. v. 12, 2016.

O perigo do Greenwashing

Com o agravamento dos problemas ambientais no século 21, instituições procuram cada vez mais o desenvolvimento e a comercialização de produtos que geram menos impactos ao meio ambiente.

De acordo com Nielsen Media Research (2015), 66% da população mundial prefere investir em produtos sustentáveis, mesmo que sejam mais caros. Existe uma importante pressão por parte dos consumidores e governos sobre as empresas, para o desenvolvimento de produtos verdes e para transparência quanto às atividades e seus impactos causados ao meio ambiente. Contudo, algumas empresas se aproveitam dessa nova tendência, por meio de um fenômeno denominado greenwashing.

O termo greenwashing, criado em 1986 pelo ativista Jay Westerveld, é hoje em dia um fenômeno multifacetado com diversas aplicações e definições. Dentre as mais utilizadas, é explicado como o ato de disseminação de informações falsas quanto aos impactos e à sustentabilidade de um produto, com o intuito de passar uma imagem positiva ao público.

Uma Empresa Greenwashing exerce dois comportamentos simultaneamente: impacto negativo ao meio ambiente e comunicação positiva sobre a sua performance ambiental. Quanto à performance, empresas podem ser enquadradas em duas categorias: empresa-marrom (aquela que exerce impactos negativos) e empresa-verde, que impacta positivamente o meio ambiente.

Enquanto uma parcela das empresas-marrom prefere permanecer silenciosa quanto aos seus impactos negativos, muitas delas comunicam seus impactos de maneira falsa. O contrário também acontece, e muitas firmas sustentáveis não comunicam com o público suas ações ambientais. Com isso, temos as duas categorias possíveis quanto a comunicação: empresas silenciosas e empresas vocais. Isso nos dá a possibilidade de analisar o comportamento de uma empresa em quatro categorias possíveis, como demonstra a imagem:

Figura: Tipologia de empresas baseada em sua performance ambiental e comunicação. Fonte: Delmas e Burbano (2011).

Nós como consumidores temos a responsabilidade de optar por empresas-verde e o poder de pressionar empresas-marrom para que as mesmas se adequem às novas demandas e necessidades de mercado. No ramo do tratamento de efluentes não é diferente, e muitas companhias se aproveitam da falta de informação e relaxamento de órgãos ambientais, propondo soluções não sustentáveis e causando um impacto negativo ao meio ambiente.

A Nascente tem a responsabilidade e o compromisso para que o greenwashing seja combatido e jamais utilizado.

REFERÊNCIAS:

De Freitas Netto, S. V. et al. Concepts and forms of greenwashing: a systematic review. Environmental Sciences Europe, v. 32, n. 1, 2020.

Delmas, M. A.; Burbano, V. C. The Drivers of Greenwashing. California Management Review, v. 54, n. 1, 2011.

Nielsen Media Research (2015) https://www.nielsen.com/us/en/insights/reports/2015/the-sustainability-imperative.html.